Uma Aldeia Chamada Luz (carta de apresentação).
... O que você faria se soubesse que está sendo perseguido há décadas, desde a sua infância, por uma criatura que possui poderes sobrenaturais? Um empresário paulistano, de muito sucesso, chamado Caio Alcântara, descobriu isso aos 36 anos. Largou sua empresa, seus amigos, sua família e, em busca de paz, deixou a capital paulista e foi viver numa pequena cidade do interior. Mas lá, tudo piorou. Teve que enfrentar essa criatura, que se apresentou na forma de um homem chamado Elias. Descobriu que estava sendo perseguido há muito tempo, mesmo antes de nascer... Não havia como escapar, não encontrou caminhos para fugir. Procurou refúgio na Igreja, na doutrina espírita, nas orações... Ele sabia que o tempo estava acabando, e sua estada, aqui na terra, chegando ao fim. Pois Elias era muito mais poderoso que qualquer um. Esse estranho ser queria o seu corpo, mas não era apenas isso, Elias desejava também a sua alma..-------------------------
(...) Passávamos numa rua larga, dos dois lados os casebres aglomeravam-se,
alguns poucos eram feitos de tijolos, mas a grande maioria das construções era
de madeira. Edificações irregulares, construídas pelos próprios moradores e sem
nenhuma técnica. Além dessas casas laterais, mais adiante, nas encostas, outras
construções apareciam igualmente instáveis, vulneráveis ao desabamento. Havia
muita gente por ali, em diferentes faixas de idade, mas as crianças eram a
grande maioria. Na medida em que avançávamos pela rua pestilenta, as pessoas
nos perscrutavam. Percebi que havia muita hostilidade naqueles olhares. As
crianças brincavam na rua, a maior parte com pouca roupa ou sem nenhuma. Algumas
exibiam grandes barrigas, contrastando com a magreza do restante do corpo. Sua
alimentação era precária, assim como as condições de higiene daquele lugar. Não
havia fossas, rede de esgoto e nem água potável. Nas lagoas próximas, onde a
população lavava roupas, tomava banho e as crianças brincavam, as cercarias e
os miracídios abundavam, trazendo em seu pequeno corpo milhões de platelmintos
que, penetrando em suas peles, desenvolviam e completava o ciclo. Por isso que
a shistossomose monçônica era uma das doenças mais comuns daquela população.
Mas outros tantos vermes infestavam aqueles corpos e almas, desprotegidos e
abandonados pelo governo, pela sociedade e o que eles mais temiam, por Deus
(...)
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